FATOS POLICIAIS

terça-feira, 10 de outubro de 2023

MANOEL LÚCIO DE BRITO GUERRA

 


Manoel Lúcio de Brito Guerra

Deputado Provincial

por Luís da Câmara Cascudo

Merece lembrar como o descobri.

Esse Deputado Provincial pelo Partido Conservador voltou a viver graças a sua pedra tumular. Passara sem restos ninguém o recordava mais.

Em julho de 1930 visitando o Cemitério do Alecrim encontrei uma lápide funerária encostada a um muro. Era o que restava de um túmulo.

Fui ler. As letras, cavadas artisticamente, diziam:

– Aqui jaz Manoel Lúcio de Brito Guerra prestimoso brasileiro, esta campa hoje cobre. Era amante do seu Deus, regozijo dos amigos e também abrigo do pobre. Nasceu em 1824 e morreu a 23 de fevereiro de 1857.

Quem teria sido o defunto? A 4 de agosto voltei levando reforço. Foram comigo o desembargador Antônio Soares, companheiro do Instituto Histórico e das manias históricas, e Francisco Gomes de Albuquerque e Silva, o Chico Bilro, grande sabedor das tradições de Natal

Passamos uns tempos remirando a pedra empoeirada. Não identificamos o morto, homem importante para justificar o túmulo. Túmulo que desaparecera. Ficara apenas a lápide... Chico Bilro lembrara-se de que a primeira pedra tumular no Cemitério fora na sepultura de um Deputado do Sertão

O Cemitério é de 1856. A primeira lápide, do ano seguinte.

Dias depois, relendo a relação dos Deputados Provinciais, encontrei Manoel Lúcio de Brito Guerra, Deputado nos biênios de 1854-55 e 1856-57.

Consegui saber depois que Manoel Lúcio era sobrinho do Senador Francisco de Brito Guerra. Era casado e sem filhos. Pertencera ao Partido Conservador. Nascera em Campo Grande (Augusto Severo). Eram informações do des. Felipe Guerra.

Fui ver o registro de óbito na Catedral. Complicava tudo. Pelo registro, Manoel Lúcio de Brito Guerra, morador na Maioridade (Martins), morrera em Natal a 21 de Novembro de 1857, sendo encomendado pelo Padre José Rodrigues Pinheiro, com licença do Vigário Colado Padre Bartolomeu da Rocha Fagundes. Como é que alguém é sepultado em fevereiro e morre em novembro? Enterrado nove meses antes de falecer? Há destinos estranhos...

Na Prefeitura de Natal consultei o mais antigo livro de registro de óbitos do Cemitério do Alecrim, o primeiro livro, de 1856 em diante.

Lá estava o registro do enterramento de Manoel Lúcio de Brito Guerra. Morrera de febre amarela em Natal a 23 de fevereiro de 1857.

A lápide não mentira.

Apenas, depois de tanto trabalho de dar roteiro para minhas buscas, deliberara desaparecer. Nunca mais a encontrei ..

Fonte: CÃMARA CASCUDO, Luís da. Uma História da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Natal-RN, Fundação José Augusto, 1972. (págs. 424-425)

MANOEL LÚCIO DE BRITO GUERRA

  Manoel Lúcio de Brito Guerra Deputado Provincial por Luís da Câmara Cascudo Merece lembrar como o descobri. Esse Deputado Provin...